Cartas Para Joana

Uma narrativa sobre encontros, desencontros e reflexões

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CÉSAR

Na empresa onde trabalhava fui gratificado com umas férias com passaporte e visto e hospedagem na França, numa cidadezinha perto de Paris chamada Poissy.

(César chega ao hotel após uma longa viagem, carregando malas emprestadas da mãe)
CÉSAR

Chegando às nove horas e poucas não me recordo muito bem, cheguei no hotel e fui deixando minhas malas. Dizem que não é muito bom dormir, pois estamos num fuso diferente...

JOANA

Eu tinha 12 anos quando menstruei pela primeira vez, fiquei nervosa, não entendi o que estava acontecendo, a única coisa que sabia sobre isso era o que tinha nas aulas de biologia na escola, mas coisa básica. Foi um surto.

JOANA

Minha mãe disse que eu estava exagerando, que isso iria ocorrer mais vezes e não poderia surtar daquela forma pq senão ia enlouquecer.

CÉSAR

Acordei no outro dia de manhã bem cedo, fui tomar um café numa cafeteria próxima ao hotel... atravessei a rua que dava de frente a cafeteria. Dei um oi pra ela do outro lado da rua, e fui correndo, e sim ela me deu um sorriso e outro "oi".

JOANA

- Estou com meu noivo

CÉSAR

- Noivo?

JOANA

- Sim estamos para nos casar

CÉSAR

- Mas, assim, tão rápido.

(César tenta disfarçar a surpresa e a dor com um sorriso forçado)
JOANA

Era 24 de janeiro de 1991, eu estava bebendo com uns amigos numa viagem que fiz até o interior do rio... Lucas me chama e fala que queria ficar comigo eu digo que não, mas ele insiste - me agarra a força- e me confessa várias coisas que eu jamais pensaria existir entre a gente, fiquei mega desconfortável sentir um medo profundo.

JOANA

- Olha nossa história foi algo bom, mas já se foi sabe, é assim, mas ainda gosto de você

CÉSAR

- Não, não é isso, que isso, parabéns

JOANA

- Quer tomar um café com nós?

CÉSAR

- Claro! (Eu disse em tom de felicidade, mesmo que todo contexto dissesse o contrário.)

(César observa Joana enquanto ela conversa com seu noivo, notando detalhes que conhecia tão bem)
NARRADOR

Como pensei por longos momentos, que melhor mesmo seria só eu e ela rindo um do outro. Toda aquela charmosidade, rendia acredito eu, inúmeras e grandiosas cantadas e elogios de todos os clientes...

NARRADOR

Nunca imaginei que me sentiria bem em ver Joana com outra pessoa além de mim, acredito que talvez minha mente esteja evoluindo, calmamente estou mais certo de que foi bom tudo ter acontecido...

JOANA

- Oiii César como tá? (Ela me abraça e seu noivo olha para os lados numa clara demonstração de incômodo)

CÉSAR

- E aii to bem, que surpresa te ver aqui de novo haha

JOANA

- È nós vamos se hospedar aqui

(No caminho até a escada, César ouve uma conversa num tom um tanto grosso por parte do noivo de Joana...)
NARRADOR

Sentia bem naquele momento uma sensação de euforia. Será por quê? Encontrei o amor da minha vida no saguão do hotel? Sei lá, acho que já é suficiente e o melhor foi ver a cara de bolado do noivo dela...

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